Convulsões em Pets: Como Agir em Emergências
Convulsões em pets podem ser um momento assustador para os tutores. No entanto, saber o que fazer durante a crise é fundamental para ajudar o seu animal. Neste artigo, abordaremos o que é uma convulsão, suas causas, a diferença entre convulsão e epilepsia, e como agir em situações de emergência.
O Que é uma Convulsão?
Convulsão é a contração violenta e involuntária dos músculos ou membros. Para entender por que isso acontece, é importante compreender o funcionamento do cérebro. Os neurônios comunicam-se por meio de um processo chamado despolarização, que depende do equilíbrio entre neurotransmissores excitatórios, como o glutamato, e inibitórios, como o GABA. Quando esse equilíbrio é perturbado por um aumento na excitação ou diminuição na inibição, ocorre uma convulsão. Na verdade, o que acabei de explicar configura como crise epiléptica. Convulsão é a crise epiléptica com perda de consciência.
Causas da Crise Epiléptica
Convulsões em pets podem ser causadas por diversos fatores, como:
- Shunt portossistêmico (problema na circulação sanguínea do fígado);
- Tumores cerebrais;
- Cinomose;
- Envenenamento;
- Estímulos sensoriais intensos, como fogos de artifício.
Fogos de artifício, por exemplo, podem desencadear convulsões devido à hiperatividade neuronal causada por barulhos altos, flashes de luz e descargas de adrenalina e cortisol, especialmente em animais predispostos.
Diferença Entre Convulsão, Crise Epiléptica e Epilepsia
Como já mencionado, a crise epiléptica é a contração violenta e involuntária dos músculos ou membros, causada por uma atividade elétrica anormal no cérebro, enquanto convulsão é a crise acompanhada de perda de consciência. Ou seja, toda convulsão é uma crise epiléptica, mas nem toda crise epiléptica é uma convulsão.
Já a epilepsia é uma condição crônica caracterizada pela predisposição do cérebro a gerar crises epilépticas espontâneas e recorrentes.
Tipos de Crises
As crises podem ser classificadas em:
- Tônica: Rigidez muscular;
- Clônica: Movimentos repetitivos e rítmicos causados pela contração e relaxamento dos músculos;
- Tônico-clônica generalizada: Combinação de rigidez muscular e movimentos repetitivos.
Os animais podem apresentar mudanças de comportamento antes da crise, o que chamamos de pródromo, e após a crise, o que chamamos de pós-ictus. Alguns exemplos são desorientação e agressividade. Durante as crises, podem ocorrer perda de controle da bexiga e intestino, salivação excessiva e secreção lacrimal.
Como Agir Durante a Crise
Durante uma convulsão, siga estas orientações:
- Mantenha a calma:
- Retire objetos perigosos: Afaste móveis ou itens que possam ferir o animal.
- Proteja a cabeça: Coloque um pano ou toalha embaixo da cabeça para minimizar impactos.
- Evite movimentá-lo: Somente mova o pet se ele estiver em local de risco.
- Não tente segurá-lo: Isso pode causar lesões tanto em você quanto no animal.
- Nunca coloque a mão na boca dele: Animais sem controle do corpo podem morder involuntariamente.
- Coloque-o de lado caso ainda não esteja: Isso evita que o animal engasgue com a própria saliva, ou aspire para a traqueia, causando obstrução da passagem de ar.
- Aguarde a crise passar: O episódio geralmente dura segundos ou poucos minutos, embora pareça muito mais longo.
O Que Fazer Após a Crise
Quando a crise terminar, o animal pode estar desorientado ou cansado. É importante:
- Deixá-lo em um local tranquilo, com pouca luz e estímulos;
- Oferecer carinho apenas se ele buscar conforto;
- Levar ao veterinário para investigação e exames.
Casos de emergência: crises que duram mais de cinco minutos (estado epiléptico), pequenas crises sem retorno à consciência entre elas, ou mais de três crises em 24 horas (cluster). Crises por suspeita de envenenamento também são emergências e necessitam de atenção imediata.
Diagnóstico e Tratamento
Para um diagnóstico preciso, mantenha um diário com informações sobre as crises, incluindo data, hora, duração e comportamento do animal antes e depois do episódio.
O tratamento é indicado nos seguintes casos:
- Doença intracraniana convulsiva sem cura;
- Estado epiléptico ou cluster pelo menos uma vez;
- Intervalo entre crises menor que 12 a 16 semanas;
- Mais de uma crise dentro de seis meses;
- Aumento na frequência ou gravidade das crises.
Na epilepsia idiopática, onde não há causa e, consequentemente, cura, o objetivo do tratamento é reduzir em pelo menos 50% a frequência das crises, idealmente alcançando apenas uma crise por mês durante um ano. Apenas 15% dos pets respondem ao tratamento.
Considerações Finais
Convulsões em pets podem ser um momento de angústia, mas, com informação e preparação, é possível lidar com essas situações de maneira eficiente. Observar os sinais, buscar diagnóstico e criar um ambiente seguro é essencial para o bem-estar do seu melhor amigo.
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Bibliografia:
Hague, D. W. (2020). “Recognizing and treating seizures in dogs and cats.” Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice.
Patterson, E. E. (2019). “Epilepsy and seizure disorders in pets.” American Journal of Veterinary Research.
Podell, M. (2018). “Seizure management in dogs: what owners need to know.” Journal of Veterinary Medicine.