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Cachorro Comendo Coco: 5 Soluções Simples

Tempo de Leitura: 4 minutos

Coprofagia, ou o ato de ingerir fezes, é algo comum entre cães. Embora para nós possa ser nojento, para os cães não é tão estranho quanto parece. Um cão pode ingerir suas próprias fezes (autocoprofagia) ou as de outros animais (alocoprofagia). A coprofagia pode ter causas patológicas, comportamentais ou dietéticas. Apesar de geralmente não apresentar riscos graves, comer fezes de outros animais pode trazer doenças, então é importante resolver o problema. Aqui, explicamos as possíveis razões pelas quais seu cachorro pode estar comendo coco e as melhores estratégias para evitar esse comportamento.

Causas Patológicas da Coprofagia

Antes de considerar causas comportamentais, é essencial consultar um veterinário para descartar problemas de saúde, especialmente se o comportamento for persistente ou surgir repentinamente. Algumas causas médicas comuns incluem:

  • Insuficiência pancreática exócrina: Nessa condição, o pâncreas do cão não produz enzimas digestivas suficientes, o que pode levar à má absorção de nutrientes e à coprofagia, como uma tentativa de compensar a falta de nutrientes.
  • Deficiências nutricionais: A falta de certas vitaminas, como a B1 (tiamina), pode levar o cão a buscá-las nas fezes.
  • Parasitismo intestinal: Vermes e outros parasitas podem interferir na absorção de nutrientes, levando o cão a buscar “fontes alternativas” para complementar sua alimentação.

Outras condições como síndromes de má absorção, pancreatite crônica, insuficiência hepática e até hipertireoidismo, podem estimular o ato de comer fezes.

Causas Comportamentais da Coprofagia

Além de alterações de saúde, fatores comportamentais desempenham um papel significativo na coprofagia, podendo ter influência até da genética. Algumas raças predispostas a esse hábito são ShihTzu, Yorkshire, Spitz Alemão, Lhasa-Apso, Pug e Golden Retriever. Vale ressaltar que cães são animais predadores e, na natureza, quando caçavam e ingeriam as vísceras da presa, as fezes também eram ingeridas. Ou seja, isso faz parte do processo evolutivo. Mas além disso, outras questões podem explicar o fato de o cachorro estar comendo coco, como:

  • Curiosidade: Cães exploram o mundo com a boca, então é natural que experimentem novas texturas e odores, inclusive os das fezes.
  • Limpeza instintiva: Alguns cães, por instinto, tentam “limpar” o ambiente, uma característica herdada de seus ancestrais selvagens.
  • Imitação: Os cães podem imitar outros animais que tenham esse hábito ou o próprio tutor recolhendo as fezes.
  • Tédio, estresse e ansiedade: Cães que ficam sozinhos por muito tempo ou que não têm estímulos suficientes podem desenvolver esse hábito como uma forma de passar o tempo ou aliviar a ansiedade.
  • Busca de atenção: Se o dono reage exageradamente ao ver o cão ingerindo fezes, o cão pode continuar fazendo isso apenas para receber atenção, mesmo que seja negativa.

Em alguns casos o comportamento é completamente normal, como logo no início da vida do filhote.

Causas Dietéticas da Coprofagia

A qualidade da alimentação também influencia esse comportamento. Dietas de baixa qualidade, cheias de enchimentos e aditivos, podem não fornecer todos os nutrientes necessários. Isso leva o cão a buscar esses nutrientes nas fezes. Outro fator são as fezes dos gatos, que podem ser atraentes aos cães se a alimentação deles for mais nutritiva.

Dica: Oferecer uma alimentação de alta qualidade, rica em proteínas, fibras, pré e probióticos, ajuda a garantir que o cão esteja bem nutrido e menos inclinado a buscar nutrientes em outros lugares.

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Além disso, a quantidade de comida também influencia. Fornecer pouca ração ou ração em excesso pode desencadear o problema.

Como Evitar a Coprofagia

Compreendendo as possíveis causas, veja algumas dicas para evitar que o seu cão continue com esse comportamento:

  1. Limpeza imediata: Recolher as fezes logo após o cão defecar é a maneira mais eficaz de evitar a coprofagia. Sem fezes, não há tentação.
  2. Alimentação de qualidade: Forneça uma ração rica em nutrientes, proteínas e fibras. Se necessário, consulte um veterinário para introduzir probióticos e equilibrar a microbiota intestinal, apesar de rações de alta qualidade já contarem com esse elemento.
  3. Alterar o sabor das fezes: Hoje, existem suplementos veterinários que tornam as fezes menos atraentes para os cães. Evite seguir dicas disponíveis na internet como colocar pimenta, limão ou vinagre nas fezes, pois isso pode fazer mal ao seu pet. Evite também dar abacaxi, pois é ácido e o resultado não é garantido.
  4. Treinamento: Ao flagrar seu cão no ato, diga “não” de forma firme e, assim que ele parar, elogie-o e recompense-o. Isso ajuda o cão a associar o abandono do comportamento com coisas positivas. Evite punições, pois elas podem agravar o problema. Importante lembrar que treinamento não traz resultados rápidos, e é preciso ter paciência, disciplina e perseverança. Pode ser que você precise, inclusive, da ajuda de um adestrador.
  5. Exercícios e estímulo mental: Cães entediados ou com energia acumulada têm maior probabilidade de apresentar coprofagia na tentativa de aliviar sua ansiedade. Estimular caminhadas, brincadeiras e outros exercícios pode diminuir a chance de o cão ingerir as fezes por tédio. Enriquecimento ambiental é super bem vindo.  

Conclusão

Embora a coprofagia possa ser um tanto quanto desagradável de lidar, raramente é um risco grave para a saúde do cachorro que está comendo coco. No entanto, ela pode aumentar o risco de infecções parasitárias e bacterianas, portanto é importante ser tratada. Uma vez que doenças foram descartadas, é fundamental implementar uma dieta equilibrada, exercícios físicos e treinamentos consistentes. Se o hábito persistir, considere consultar um especialista em comportamento canino. 

 

Bibliografia:

Anderson, J. “Soluções dietéticas e comportamentais para coprofagia.” Revista Saúde Canina, 2021.

DA SILVA, Ângela Pezarini; PREZOTO, Helba Helena Santos. Coprofagia canina: uma questão fisiológica ou comportamental?. Biológica-Caderno do Curso de Ciências Biológicas, v. 1, 2021.

Kelly, G. “Deficiências de enzimas digestivas em cães e gatos.” Journal of Animal Health, 2019.

Watson, P. “Deficiências nutricionais em cães coprofágicos.” Revisão de nutrição veterinária, 2020.

Gabriela Horta

Gabriela Horta

Gabriela Horta, médica veterinária apaixonada por cuidar e promover o bem-estar dos nossos queridos animais de estimação. Com experiência na área de clínica médica de pequenos animais, dedico-me a fornecer informações precisas, atualizadas e úteis para todos os amantes de pets.

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